Luzes, Cliques e muito glamour, é assim que as pessoas costumam imaginar o mundo das passarelas. Na verdade para fazer um desfile de moda, existe muito trabalho, correria, profissionalismo e muito conhecimento de causa. O fascinante mundo dos desfiles de moda exige determinação, paciência, coragem e muita pesquisa.Se você tem tentado ou vai começar a tentar entrar no mercado de produção de desfiles e show-rooms você deve saber que 99% do mercado acontece distante dos holofotes da mídia de moda.Marcas e empresas gastaram calma e um monte de dinheiro para que algumas modelos passem por um tablado de madeira, vestindo roupas que qualquer um pode ver nas vitrines (e até mesmo provar), para que centenas de outras pessoas pudessem ver aquelas roupas e comprá-las. Qual a finalidade disto tudo?A partir desta disciplina vamos fazer um mergulho nas possibilidades e meandros da Organização e produção de Desfiles de Moda.
O QUE É DESFILE DE MODA?
Basicamente um desfile de moda é uma peça de marketing. bastante barata se comparada a outras mídias tais como televisão ou outdoor. A intenção de se fazer um desfile de moda, portanto, é basicamente vender moda, vender roupas, que alguma confecção está disponibilizando no mercado, alguma loja está vendendo, ou mesmo um estilista está criando.Como observado por Feghali e Dwyer no livro Engrenagens da Moda, O desfile é a ponta final da cadeia produtiva que coloca a "moda" em circulação na mídia e no mercado. Esse tipo de evento ajuda a estabelecer um cronograma de produção que reúne informação de toda a engrenagem da cadeia produtiva."A roupa – entendida como produto – é o único objeto de consumo que leva dois anos para ficar pronto, começando como fibra até, finalmente, chegar a loja onde é vendida como roupa"."Para que o desfile aconteça em sua plena potencialidade e que os negócios se realizem, uma ampla rede de mão-de-obra especializada aplica criação e técnica para concretizar a transformação de moda em" Moda ".
PARA QUÊ SE FAZ DESFILES? QUAL A SUA FINALIDADE?
Para começar vamos observar o que diz Erika Schmid no livro Marketing de Varejo de Moda:"Os desfiles de moda são, dentre os eventos, os mais eficazes instrumentos para a promoção de um varejo de moda. Caso o desfile se dê em evento exclusivo, a eficácia aumentará consideravelmente, em comparação a desfiles de várias marcas ou de organizações coletivas"."De qualquer forma, o desfile de modas é uma excelente ferramenta para promover novas coleções de uma marca de varejo de moda. Através deles, o empresário consegue aproximar-se ainda mais de suas clientes e consumidoras em potencial, que por sua vez, se sentir o honradas em ser convidadas para um evento exclusivo para poucos".De acordo com a assessora de imprensa Mônica Albuquerque, "A moda das passarelas é feita para chamar a atenção das pessoas e não tem um compromisso com a realidade".Na observação de Roberto Barreira (falecido editor de moda), "Na passarela, o estilista exacerba as mensagens para criar o impacto, para marcar. Quem anda nas ruas como se estivesse na passarela acaba se tornando uma vítima da moda".Porém, o estilista Walter Rodrigues ponderá que não vê , atualmente, grandes diferenças entre as roupas usadas na passarela e nas ruas. É como se as ruas fossem, hoje, uma continuação das passarelas e vice- versa, e tudo não passa de um imenso espetáculo.Segundo a consultora e professora de moda, Carol Garcia, "Na Europa, a partir dos anos 70, os desfiles começaram a ser montados com a meta de obter exposição gratuita na mídia para o fabricante e seus produtos, objetivo que passou a ser perseguido pelos convidados em termos de marketing pessoal".Ou seja, com a evolução das apresentações de moda no formato de desfile, tudo durante o evento pode ser espetáculo. Mas, pensando bem, como surgiram os desfiles?
BREVE HISTÓRIA DOS DESFILES DE MODA
Os desfiles de moda tratavam-se, inicialmente de uma tentativa dos modistas de inovar a apresentação de suas criações, usualmente feitas por exposição em vitrines.Segundo a historiadora inglesa Evans, Lady Duff Gordon foi a responsável pela introdução de "paradas de manequins" no mercado de moda, exportando essa ferramenta de comunicação para Londres, New York e Paris nas primeiras duas décadas do século XX. A costureira inglesa organizava horários definidos para acontecer os desfiles que se repetiam exaustiva e diariamente durante um mês em sua loja. Porém, em meados do século XIX, Gagelin, mercador de tecidos parisienses, já empregava modelos para andarem em seu estabelecimento enrolados nos xales que estavam venda. Enquanto seu balconista Fréderic Worth, negociava os preços.Aliás, quando se tornou estilista, Fréderic (que é considerado o pai da Alta-Costura) , trabalhando em conjunto com sua futura espora, Marie Vernet (que também servia de modelo para suas criações), transladou o conceito de modelos em desfile de loja de armarinhos para o ateliê , quando abriu sua Maison de couture em 1858.Embora exibisse sua coleção duas vezes por ano, Fréderic não organizava seus desfiles como paradas de manequim, tal como Lucile e não tinha data fixa para os lançamentos.As datas fixas só vieram em 1918, em Paris, por motivos comerciais e de organização da cadeia produtiva. As apresentações Européias nasceram ligadas aos compradores de moda, enquanto as norte-americanas passaram a ser voltadas exclusivamente imprensa feminina ou especializada.No Brasil, a concepção de desfile aportaria cerca de 20 anos depois, na década de 40, com as apresentações realizadas pela Casa Canadá, no Rio de Janeiro, e pela Casa Vogue, em S o Paulo, seguindo a concepção européia. Nos anos 60 e 70 a Rhodia investiu em grandes desfiles em São Paulo, enquanto o grupo Moda Rio, que fez grandes apresentações em praça pública como grandes espetáculos. Nos anos 80 quase os eventos sumiram, retornando na década seguinte com eventos de novos talentos, calendários de shoppings e desfile de escolas de moda. Desta época nasceram os dois maiores eventos de desfiles de moda do Brasil: o São Paulo Fashion Week (antes Morumbi Fashion) e o Fashion Rio (Barra Shopping Fashion).
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