quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O vestuário representado nas pinturas de grandes mestres


O vestuário, desde o Quattrocento, foi também protagonista na obra de arte, passando contar uma outra história: a maneira como foi usado, interpretado e transformado por artistas em diferentes contextos até chegar a algumas instalações que se destacam no movimento artístico contemporâneo.
Sobre esses temas, discorre a historiadora da arte Cacilda Teixeira da Costa em seu novo livro, “Roupa de artista — o vestuário na obra de arte”, que a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e a Edusp lançam no próximo dia 12 de dezembro, sábado, a partir das 11 horas, na Pinacoteca do Estado, em São Paulo.

OBRA RICAMENTE ILUSTRADA MOSTRA COMO O VESTUÁRIO MERECEU A ATENÇÃO DE ARTISTAS DE DIVERSAS ÉPOCAS


Em "Roupa de artista - o vestuário na obra de arte", editado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e a Edusp, a historiadora da arte Cacilda Teixeira da Costa analisa obras desde o Renascimento aos dias atuais. De elemento complementar, a roupa se tornou, no decorrer do tempo, importante protagonista. A edição faz interface com a História da Arte e com a Moda, entendida como criação. O lançamento será no dia 12 de dezembro, sábado, a partir das 11 horas, na Pinacoteca do Estado, em São Paulo.


O vestuário, desde o Quattrocento, foi também protagonista na obra de arte, passando a contar uma outra história: a maneira como foi usado, interpretado e transformado por artistas em diferentes contextos até chegar a algumas instalações que se destacam no movimento artístico contemporâneo. Sobre esses temas, discorre a historiadora da arte Cacilda Teixeira da Costa em seu novo livro, "Roupa de artista - o vestuário na obra de arte", que a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e a Edusp lançam no próximo dia 12 de dezembro, sábado, a partir das 11 horas, na Pinacoteca do Estado, em São Paulo.

Walter Zanini, importante crítico de arte, assina a apresentação da edição, onde ele destaca a atenção que merece esta contribuição de Cacilda Teixeira da Costa, relacionando os estudos sobre os artistas e o vestuário.

O livro tem tudo para agradar a quem gosta de história, arte ou moda. Do Renascimento aos dias atuais, obras de uma infinidade de artistas são analisadas pela autora. São pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, figurinos, instalações, happenings. Para isso, lança mão de aspectos da história social e da arte, da história da moda, da estética e da semiótica. "Dadas suas relações com o corpo, a identidade, o poder e a sexualidade, tanto a indumentária como adereços e seus desdobramentos são tão instigantes, que poucos mestres, do passado ou contemporâneos, ficaram imunes ao seu extraordinário fascínio", explica a autora.

Como mostra Cacilda Teixeira da Costa, descrições pictóricas, interpretações e apropriações do vestuário estão presentes nos principais movimentos da história da arte por meio da pintura, escultura, desenho, gravura, performance e outras categorias artísticas em que foram, de modo alternado ou ao mesmo tempo, elemento complementar, tema principal, meio e suporte de obras de arte. Além disso, contrapondo-se à indumentária, a nudez também está presente em alguns exemplos clássicos dessa relação, como em Ticiano, nas Majas de Goya ou em Manet.

No decorrer dos séculos, como explica a autora, desenvolveram-se técnicas artísticas específicas e um extraordinário virtuosismo na forma de retratar tecidos, texturas, drapeados e outros detalhes, tanto em pintura como na escultura, que variaram em diferentes tempos e circunstâncias. Como exemplo, há Velázquez, um mestre na descrição pictórica dos trajes da corte. Mas foi na primeira metade do século 19 que o realismo descritivo chegou, talvez na obra de Ingres, ao seu grau mais alto quando, de forma inédita, é dada a mesma importância ao rosto, às mãos e ao vestuário. Porém, logo houve o rompimento paradigmático de Degas, que deixou de lado a representação e utilizou o próprio vestuário como parte integrante da obra de arte, abrindo perspectivas para as vanguardas que viriam em seguida.

No século 20 assistiu-se ao desenvolvimento da indústria da moda, que se tornou cada vez mais importante e assumiu para si, além da criação, a função da divulgação do vestuário, veiculada pelos meios de comunicação de massa. Os artistas, que até então eram também os árbitros do gosto, perderam sua influência sobre a criação dos trajes e foram substituídos, nessa área, pelos costureiros - hoje chamados de estilistas.

Fora do campo da arte, por volta de 1770, surgiram as primeiras publicações de moda, como "La Galerie des Modes", editada entre 1778 e 1787. No início, reproduziam as roupas usadas pelos mais elegantes da época e, em seguida, passaram a apresentar modelos e informações sobre as tendências em voga, causando uma alteração substantiva no campo do vestuário, cuja divulgação começava a fugir do domínio dos pintores.

A importância do vestuário é hoje cada vez maior, observa a historiadora. "Jovens artistas continuam apropriando-se do vestuário como tema, metáfora ou forma de expressão - fora da moda. Do ângulo da relação com a moda, os estilistas propõem coleções inspiradas nas obras dos artistas e os desfiles são cada vez mais performáticos".

A autora

Cacilda Teixeira da Costa é doutora em artes pela Universidade de São Paulo. É especialista em arte moderna e contemporânea no Brasil. Foi coordenadora do setor de vídeo-arte do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, curadora do setor de vídeo-arte na XVI Bienal de São Paulo, chefe de programação da Divisão de Artes Plásticas do Centro Cultural São Paulo, diretora técnica Museu de Arte Moderna de São Paulo, curadora independente de várias exposições. É autora de, entre outras obras, "Arte no Brasil 1950-2000" (Alameda Casa Editorial), "Livros de Arte no Brasil" (Cosac & Naify/Itaú Cultural) e "O Sonho e a Técnica, Arquitetura de Ferro no Brasil" (Edusp), vencedor do Prêmio Jabuti 1995.

Mais informações para a imprensa com Maria Fernanda Rodrigues (Lu Fernandes Comunicação e Imprensa) pelo telefone (11) 3814.4600